Mesmo estando numa zona onde o Carnaval é famoso, pessoalmente não lhe encontro grande piada. A minha opção para este fim-de-semana de carnaval foi o concerto da banda americana R.E.M..
A banda entusiasmou as 12.000 pessoas que assistiram ao concerto na Arena de Oberhausen.
O vocalista Michael Stipe começou o concerto dizendo; “Somos de um país muito estranho e longe daqui! Somos dos EUA”.
No palco não apareceu apenas uma das bandas de rock de maior sucesso, mas também a consciência personificada da América.
Ao longo das 2 horas de espectáculo, foram tocadas essencialmente músicas do novo album “Around the Sun”, e alguns velhos êxitos.
O cantor apareceu em palco com uma tira preta na face, mas o ambiente algo escuro, cedo desapareceu devido ao espírito aberto e extrovertido de Stipe. Perguntou se era possível viajar de Oberhausen para Berlim através de um comboio de alta velocidade e como se chamava o mesmo, isto para anunciar a música “High speed train”. Depois foi a vez de “Everybody Hurts” e uma nostalgia colectiva foi sentida no recinto.
Era de esperar que o tema política estivesse presente, uma vez que a banda fez campanha nas últimas eleições contra George W.Bush. Sobre a vitória de Bush, Stipe foi muito claro mostrando o quanto detesta o Presidente americano e tudo o que ele representa. Tocaram duas músicas de protesto “Wanted to be wrong” e “Leaving New York”. Nessa altura o palco ficou completamente iluminado pelas cores azul, branco e vermelho – as cores da bandeira americana, ao que Stipe acrescentou que mesmo estando na oposição os R.E.M. são americanos.
Sendo apenas a minha opinião pessoal, penso que esta banda tem uma capacidade extraordionária de exprimir sentimentos exactos com textos bastante subtis. Nota-se isso na música “Losing my Religion”, um dos seus maiores sucessos, que fala de crise religiosa, do fim de uma relação, da desilusão de vida – tudo o que pode alimentar a dúvida na própria pessoa está lá, ainda que nas entrelinhas. Quase é possivel tocar as sombras e o público está já ao rubro, só raramente a depressão consegue ser celebrada desta forma.
Para além disto tocaram ainda “Man on the Moon” e “The great Beyound” que dedicaram ao cómico americano Andy Kaufman e “Imitation of Life “ numa dedicatória feita a Hollywood.
Foi a primeira vez que os vi em palco, mas gostei, e a acreditar na frase proferida por Stipe no início do concerto até admito que os EUA sejam mesmo um país muito estranho, certo é que os R.E.M. conseguiram mostrar o seu melhor lado. Valeu.