Nesta Hora
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca
[o povo
Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade
Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida
O demagogo diz da verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe
A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados
Não basta gritar povo é preciso expor
Partir do olhar da mão e da razão
Partir da limpidez do elementar
Como quem parte do sol do mar do ar
Como quem parte da terra onde os homens estão
Para construir o canto do terrestre
- Sob o ausente olhar siline de atenção -
Para construir a festa do terrestre
Na nudez de alegria que nos veste
"Sophia de Mello Breyner Andresen in O Nome das Coisas"
2 Comments:
At 10:45 AM, A. Narciso said…
Este poema da Sophia é lindo. E eu tb nao gosto nada de meias verdades...
Beijinhos e boa semana para ti :)
*A
At 9:21 PM, Mar said…
Linda, a Sophia, sempre. É uma referência para mim...Beijo
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