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Donnerstag, Juni 24, 2004

Mortas pela honra

Fadime, uma curda de 26 anos que vivia em Estocolmo, apaixonou-se por um homem sueco. O pai sentiu-se desonrado com tal relação e terá morto a filha. São os chamados 'crimes de honra' que estão a aumentar dramaticamente na Europa. Em Haia, iniciou-se ontem uma conferência das polícias europeias para debater este problema que lhes passou despercebido tanto tempo.
„In Correio da Manhã – 23-06-04“



Nunca me apercebi muito deste problema enquanto vivi em Portugal. Desde que mudei para a Alemanha, há pouco mais de 1 ano, constatei que estes factos são uma realidade.
Respeito todas as religiões sem excepção, embora me seja de todo impossível aceitar radicalismos.
Estas mulheres, não somente curdas, mas turcas, iranianas, na sua maioria árabes de religião muçulmana, sofrem esta realidade na pele, a sua integridade fisica é lhes vedada por completo. Conheço algumas destas mulheres, sempre muito fechadas de início, não se querendo dar a conhecer. Aos poucos, e depois de ganharem alguma confiança, vão levantando um pouco do véu, não o que lhes cobre o rosto, mas aquele que lhes ensombra o ego.
Não somente lhes é negado o direito à educação, como o convívio com todos os não muçulmanos.
Isto vale também para as muçulmanas já nascidas aqui na Alemanha.
Outro caso que passo a relatar e que tenho acompanhado de perto, passa-se com um casal de amigos meus, ela alemã, ele alemão descendente de turcos. Desde que o seu relacionamento foi descoberto, alegadamente por um irmão, nunca mais tiveram um minuto de sossego. Entre separações fictícias mantendo o romance em segredo, os dois são atormentados, recebendo desde telefonemas anónimos de ameaças, a chantagem psicologica. Há quase 2 anos que os dois vão lutando contra tudo e todos, tentando manter o amor que os une. Temo pela minha amiga, assim como temo por ele, um turco que afinal até já nasceu na Alemanha, mas a quem é negado o direito de escolha.
Jovens na faixa etária dos 18 anos, trazidas dos seus países, para contraírem matrimónio com homens que não conhecem, geralmente já cá nascidos, os quais, no seu intímo também não aceitam a mulher que lhes é imposta. Uma vez mais a questão “Honra” impera sobre os seus sentimentos e vontades.
São estas mulheres de olhos tristes e vazios, que vivendo num país livre, seguem acorrentadas de pés e mãos, pela vida fora.
São coisas que a mim me são difíceis de compreender e aceitar. PORQUÊ?? O que é, ou para que serve afinal a religião? Para libertação espiritual ou apenas castração? Não sei, e questiono-me todos os dias, sempre que olho nos olhos destas mulheres, de olhares perdidos e vazios de tudo.
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