Citações, Música, Fotografia, Desabafos, Notícias & Opiniões de uma Lusitana em Terras da Germânia

Dienstag, August 29, 2006

Ritmos quentes em noites frias de verão

Os suiços "Famara"

E porque o verão ainda não acabou (embora por aqui pareça mais Outono do que outra coisa), realizou-se no passado fim de semana, a 9ª edição do Reggae Summer Night.
Não que eu seja grande fã do Reggae, mas porque gosto essencialmente de música, porque gosto de "provar" cada um dos seus géneros e estilos, e uma vez que o mesmo teve lugar no Kulturrevier Radbod, uma antiga mina de carvão desactivada transformada em centro de cultura, que por sinal dista da minha casa uns miseros 250m., foram factores decisivos na escolha do programa para o fim de semana.
Como todos os festivais "open-air", existia no recinto um espaço dedicado à venda de artigos ligados ao Reggae.
Num total de 500 tendas, que iam desde vestuário, bijuteria, instrumentos, cds, dvd’s, algumas preciosidades em vinyl, tendas de pintura, comidas e bebidas Jamaicanas à tenda de "culto" para devotos e potenciais seguidores da filosofia Ras Tafari, sendo até possivel o início da transformação visual começando pelo cabelo. Achei interessante e pude finalmente satisfazer a minha curiosidade quanto à técnica e "manutenção" daquele tipo de penteado.


O reggae alemão de Uwe Banton

As bandas dividiram-se por dois palcos e para além da lingua inglesa foi possivel ouvir reggae cantado em françês e alemão (Uwe Banton e os Nosliw).


Os Jamaicanos Anthony B.

Os que mais fizeram o público vibrar foram sem dúvida os Anthony B. vindos da Jamaica e que se podem ouvir em fundo músical.


Bastante ritmado o reggae dos Nosliw

Os Nosliw também estiveram no seu melhor.
De uma maneira geral os textos apelavam à paz no mundo e ao fim da xenofobia.
O festival fechou com o reggae dos ingleses Steel Pulse, os mais esperados mas nem por isso os mais apludidos.


Para os mais de 2 500 fans que se encontravam no recinto, foi um fim de semana de ritmos quentes apesar do frio que se fez sentir.

Fotografias gentilmente cedidas por Philip Akoto


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Mittwoch, August 23, 2006

A Norte, o Sol

A Magia do nascer do Sol pelas misteriosas terras celtas da Galiza, entre brumas e prados verdejantes...
Encantamento, este que sinto desde que me Sei, pelo momento mágico que é o nascer do "Astro Rei".




Não faz sentido tentar explicar o que não carece de explicação, basta o deixar-me levar por esta magia de sol e mar que impregna todo o meu ser...
Fascinação ou pura sedução???

O Sol, o Mar, Amor no coração e...
Sim, a vida é feita de coisas simples e a felicidade existe...

Fotos: Micas - Xinzo de Limia/Julho 06

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Freitag, August 18, 2006

Saudade

Foto: Micas - Agosto/06

Bati à porta nervosamente e de coração apertado ainda com a ténue esperança de te ver aparecer...
Desta vez não fostes tu quem me veio abraçar na alegria do reencontro, nem eu estava tão preparada para essa realidade que me esperava.
Desta vez, nem o mar nem os velhos amigos conseguiram arrancar a tristeza que foi crescendo dentro do peito.
O velho cadeirão onde te sentavas a ler, a esplanada da praça onde todos os dias paravas para um café entre amigos, a mesa de pedra do jardim onde nós e tantos dos nossos antepassados se foram sentando ao longo de gerações em tardes cálidas de verão... tudo estava lá e, tudo me falava de ti...
A velha mesa continua sólidamente implantada sob as ramagens frondosas dos carvalhos seculares naquele recanto do jardim, contudo já não se ouviram histórias nem risos, apenas o silêncio deixado por ti.
O não querer aceitar o facto de teres partido, ainda que inconsciente, o querer acreditar que tudo não passou de um pesadelo, e de repente foi como que os últimos 10 meses se tivessem desmoronado sobre todo o meu ser.
Foi duro, e doeu como o "caraças", sabias? Claro que sabes.
Mesmo sabendo-te sempre a meu lado, não é fácil evitar este vazio que sinto dentro da alma.
Esta dor de saudade que o tempo teima em não ajudar a esmorecer.
Eu sei que nos vamos encontrar um dia, lembro-me até de me teres dito que todos seguimos no mesmo comboio e que todos temos o mesmo destino, com a unica diferença que uns ocupam as carruagens dianteiras e outros seguem mais atrás, eu sei, não me esqueci, mas tenho... tenho tantas saudades tuas pai...
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Dienstag, August 08, 2006

(I) matéria


Foto: Micas - Agosto/06

"O percorrer as sombras vislumbrando meios rostos difusos entre sons magníficos na esperança gorada de uma visão plena de [ti] não passou de sonho entre jograis, tendas com sabores a a (n) da (n) ças e impossibilidade de comunicação. No apelo à Paz feito pelo músico ainda existiu a ténue esperança da corporização defraudada pelo erguer de braços, pela aclamação concordatária e o vozear explícito da magnitude de um não ao absurdo da guerra.
Porém adivinhei [te] entre essa turba indistinta de cabelos negros tranquilamente acomodados sobre ombros, o olhar sonhador – perscrutando? – brilhando na penumbra de uma noite quente de Verão buscando imagem ou ténue sinal da presença crepuscular de [mim].

[Seria noite encantada] não fora a ausência presente e a indissolução da não-matéria em corpo físico, absinto, abstracto, absoluto tudo reunido na incongruência do desencontro inexplicável.

Sentir que algo se liberta de dentro vagueando no nenhures infinito e no eterno retorno à concha, obtendo a resultante de um ser mais rico pela viagem ao seu interior de como se essa virtualidade acentuasse a necessidade da fuga para que o conhecimento aconteça. Na mais que estranha dualidade - quase paradoxo - da fuga e retorno estará o fiel da balança invisível onde se entrecruzam as múltiplas facetas do Ser e a consciência explode no deslumbre de uma Luz intensa e o homem se realiza.

[O que estará por detrás do espelho se conseguirmos ignorar a devolução da imagem em jeito de gesto reflexo, ele também reflexo de outro reflexo que se prolonga na imensidão de todas as devoluções de imagens de vidros planos numa espécie de catarse convergente?]

Quase se sente o silêncio da água límpida e azul que encobre seios e cabelos que flutuam, imagem capturada na quietude da mansidão ilíquida e transparente onde a nudez se adivinha, ou aquel´outra de perfil onde sobressai o talho perfeito do rosto e o contorno labiar distendendo-se num pescoço alvo e perfeito culminando nos pequenos pés cobertos com ténis num corpo em posição quase fetal de encontro a um velho muro secular recortado na paisagem agreste de um qualquer recanto minhoto.

Um dia promet [i] levar [te] azul e aromas de maresia. Tarefa cumprida mesmo quando as letras se cobrem de negro e de cinza anunciando borrascas internas, sobrando todavia sempre espaço para os azuis multitons. Talvez esperasse apenas levar [te] sons, aromas e sabores da pátria longínqua feitos de espumas de águas oceânicas que se desfazem de encontro às praias e rios de águas revoltas correndo sem rumo entre-margens de encontro à morte numa qualquer Foz, engolidas pela voragem desse mar-surpresa, laboriosamente pintado letra a letra em tonalidades azuis e delas discorre [sses] sentires. Ou talvez esperasse olhar [te] nos olhos e em silêncio a contemplação se transformasse em tudo, mesmo na felicidade antevista nos delírios das [minhas] insónias. Ou talvez ainda esperasse a magia incontornável do mergulho no abismo ocular que um olhar provoca, acentuando a inevitabilidade do beijo. Casto e impúdico a um tempo.

Porém, as sombras da noite engoliram [te] entre a multidão ávida de sons. Apenas contornos indistintos de rostos e olhares concentrados num ponto comum se vislumbravam regurgitando em amálgamas respiratórios, tons de festa e andanças.

Qual areia de ampulheta que lenta mas inexoravelmente percorre o estreito canal marcando o Tempo em sucessivos ciclos completados, também o sentimento de felicidade se escapa qual areia fina por esse estreito canal sublinhando solidões e enterrando esperanças. Tudo mergulha nessa noite eterna de sorriso escarninho e voraz povoada de andanças e tons de festa.

[A vida a sorrir da pequenez incontornável do Ser.]

O regresso:

Triste, serpenteando entre fantasmas, devorando a distância assinalada pelo tapete negro e uma ou outra luz que em jeito de contra ciclo se cruza na estrada estranha da vida, marcando com traço invisível o percurso que conduz ao efémero dos dias que se sucedem e ao regresso às paredes vazias que se estreitam cada vez mais, sufocando respirações e anulando vontades.

O silêncio:

Que não se entende.
A esperança:

Desaparecida.

O momento:

Inexistente.

A noite:

Negra.

O pensamento:

Engolido no abismo estriado de pedras angulares e mortíferas e nos fumos insólitos da não-razão.
A certeza da presença invisível absorvida pelas sombras que teimam em pintar o flagelo de uma vida. Nada resta. Só a certeza do fim.

[O homem soçobra de encontro ao desprezo, não de encontro à rocha afiada que se ergue ameaçadoramente no final do abismo]"



"In NINGUEM do Unicus"

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