Citações, Música, Fotografia, Desabafos, Notícias & Opiniões de uma Lusitana em Terras da Germânia

Sonntag, November 27, 2005

A magia do 1º nevão

Ela aí está! Chegou de rompante e com toda a força para alegria de miúdos e graúdos.


Fotografia: Micas - A alegria das crianças da minha rua -

E toda a gente saiu à rua, narizes vermelhos, sorrisos no rosto.


Fotografia: Micas - Pista de patinagem na cidade -

O prazer de um passeio pelo mercado de natal onde se podem saborear iguarias típicas desta época do ano, sempre confeccionadas na hora e, claro, a quase obrigatória paragem para um Glühwein bem quente e aromático.



Porque a 1ª neve tem sempre um encanto especial...

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Montag, November 21, 2005

As Cavernas Hell Fire

Os planos para as cavernas estavam traçados há muito.
A estrada e a extração do calcário não apareceram por acaso.
No seguimento de perseguições políticas aos “Cavaleiros de S. Francis”, Dashwood deu a "Ordem" como extinta em 1763.

Fotografia: Micas Out/05

Contudo e porque há documentos que provam o contrário, as reuniões secretas continuaram, foram apenas transferidas para outros locais.
Um desses locais seria então a Caverna que Francis Dashwood tinha mandado escavar.


As lendas locais contam que aí se sacrificavam virgens ao demónio, outras falam de orgias selvagens entre os membros da Ordem.
Será apenas a voz do povo que tenta arranjar uma explicação para aquilo que não se sabe explicar! Certo é que as cavernas continuam nos dias de hoje, envoltas em histórias de escândalos e mistério...

Fotografia: George Knowles

Acredita-se que as cavernas foram somente utilizadas para os rituais de iniciatismo.

Fotografia: George Knowles

Estes rituais secretos eram conduzidos pelos 13 membros principais.
Seriam rituais de grande simbolismo e bastante insinuação sexual, alegadamente baseados na versão de Francis Dashwood sobre os “Mistérios de Elêusis”.

Fotografia: George Knowles

Os mesmos teriam sido praticados na Grécia antiga em honra de Demeter e da sua filha Persephone durante um período de nove dias.
Mas, estas cavernas existiam já antes das escavações feitas por Francis Dashwood.

Fotografia: George Knowles

De facto, tem origem pré-histórica.
Diz-se que em tempos remotos teria sido um “altar pagão” com as suas catacumbas pagãs.
Há uma lenda popular contando que, quando começaram a construir a primeira igreja do povoado no sopé da colina durante a Idade Média, todas as noites mãos invisíveis vinham destruir o trabalho feito durante o dia.
Ao fim de um certo tempo e quando já toda a gente queria sair dali, o padre ouviu uma voz que lhe dizia para construir a igreja no topo da colina e assim nunca mais os trabalhos seriam perturbados.
Obviamente que esta lenda tem algum significado geomântico.
Quando os homens de Francis Dashwood começaram a extrair o calcário, depararam-se com alguns dos túneis completamente obstruidos pelos tectos que desabaram.

Fotografia: Micas Out/05

Haveria até uma passagem secreta que conduzia ao interior da igreja no cimo da colina e, que teria sido utilizada por uma misteriosa mulher de nome Maria, para se encontrar com o seu amor proibido! o padre.
Francis Dashwood chamou então engenheiros e, a maioria dos tuneis foram encerrados para maior protecção ficando as cavernas como as encontramos nos dias de hoje.


Com uma extensão de um quilómetro aproximadamente e, cem metros de profundidade na área que se situa directamente por baixo da igreja de St. Lawrence.
E como estamos em Inglaterra, não há lugar misterioso que se preze caso não exista um fantasma. As cavernas não fogem à regra, como tal tem não um, mas muitos fantasmas que vagueiam pelos seus túneis.
O mais famoso é sem dúvida Sir Paul Whitehead. Poeta, membro dos “Cavaleiros de S. Francis” e fiel responsável pelo Livro de Ponto da Sociedade.
Quando morreu em 1774, deixou escrito que doaria o seu corpo para a medicina mas que o seu coração teria de ser colocado numa urna de mármore e depositado em um dos nichos no mausoléu dos Dashwood.
A sua vontade foi feita, ficando o seu coração em repouso até ao ano de 1829 quando, infelizmente, o mesmo foi roubado por um soldado Australiano.
Diz-se que desde esse triste dia, Sir Whitehead vagueia pelas cavernas até que o seu coração seja reposto no mausoléu.
Outro dos fantasmas, é o de uma mulher que mantinha um relacionamento amoroso com um homem casado. Em um desses encontros, a dita mulher quando chegou à caverna em vez de encontrar o amado, deparou-se com um grupo de criaturas enfurecidas que a apedrejaram até à morte.

Fotografia: Micas Out/05

As cavernas tal como as encontramos hoje, continuam a ter uma aura mística de encanto especial.
Praticamente não há qualquer luz no interior.
Os tuneis são iluminados apenas em alguns locais por archotes.

Fotografia: Micas Out/05

As paredes estão repletas de simbolos e de mensagens feitas numa linguagem criptografada.

Fotografia: Micas Out/05

O chamado “Salão dos Banquetes” é sublime, esta a mais alta caverna com saídas para 5 dos tuneis. Para se chegar ao “Inner Temple”, a caverna onde eventualmente tiveram lugar os rituais de iniciação, tem que se atravessar um pequeno rio, hoje existe uma pequena ponte para o efeito.

Fotografia: Micas Out/05

Um local que fascina, o sentir do ar frio das profundezas que nos envolve na descida dos túneis mergulhados na escuridão, quase me leva a dizer ser possivel sentir algo que nos vai acompanhando, sentir olhos que nos penetram...

Afinal, qual será a verdade por trás da lenda???
Ficará para sempre a dúvida em suspenso...
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Montag, November 14, 2005

Os Cavaleiros de S. Francis

Para dar a conhecer um pouco da história sobre as cavernas Hell Fire, ter-se-á que falar antes de mais sobre o que foi a Sociedade Hell Fire já que as duas coisas estão indubitávelmente ligadas.
Sobre este assunto muito se poderia contar, a documentação e os testemunhos existentes são vastos e bastante curiosos, contudo penso que tornaria o texto algo longo e provávelmente um pouco maçador para a maioria dos visitantes deste espaço. Para não sair muito do sentido de “passeio” que pretendo dar a este género de textos, optei por contar apenas o essencial sobre estas cavernas, baseando-me mais nas lendas do que própriamente nos factos reais, tentando não quebrar a sua aura enigmática e despertando a curiosidade a uma eventual visita.
A Sociedade Hellfire teve o seu inicio por volta de 1746. Fundada por Sir Francis Dashwood (1708-1781), um aristocrata nascido em Londres mas com raízes em West Wycombe.
Filho único do Barão Le Despencer, sabe-se que foi educado no famoso colégio de Eton em Windsor a escassos kilometros de Wycombe.

Residência oficial da familia Dashwood em Wycombe

Em 1724 à morte do pai e então com 16 anos, herdou o titulo de “barão” pertencente ao progenitor, as propriedades que abrangiam todo o West Wycombe assim como uma vasta fortuna em joias e dinheiro.
Quando terminou os estudos partiu para a que foi a sua primeira de muitas viagens, como era hábito nessa altura entre os filhos de nobres e ingleses abastados.
Iam em busca de conhecimento intelectual, de arte e outros tesouros que o continente tinha para oferecer.
Regressou ao fim de oito meses para tomar conta da sua herança recente.
Em 1729 partiu de novo, rumo a Itália e foi aí que o carácter místico de Francis Dashwood se formou.
Nessa altura Itália era um país que fervilhava sobre o “ocultismo e os mistérios Eleusianos.
Dashwood envolveu-se no movimento da Ordem de Rosa Cruz através de contactos Jacobitas que possuia. Tinha grandes ligações à Maçonaria e a Sociedades Secretas Neo-Templárias. Foi iniciado na Loja Maçonica em Florença.
Quando regressou a Inglaterra, fundou a sua própria Ordem; Ordem dos Cavaleiros de S. Francis vulgo Hellfire Club.
Inicialmente os membros da Sociedade encontravam-se para as suas reuniões na Abadia de Medmenham, propriedade do Dashwood.

Sir Francis Dashwood

Este era conhecido pelo seu comportamento lascivo e pela sua adoração aos Deuses e Deusas pagãs, o que se reflecte nas decorações tanto da Abadia como da sua própria casa.

Interiores da casa de Sir Francis, ainda hoje residência oficial da familia Dashwood
Dizem que as festas realizadas na abadia eram um culto ao Deus Baco e à Deusa Vénus, onde senhoras da alta sociedade se vestiam como a deusa e se ofereciam às mais loucas órgias.
Na biblioteca da abadia foi encontrada a maior colecção de literatura erótica de toda a Inglaterra.
Os membros do Hell Fire eram também conhecidos como; "Os Cavaleiros de S. Francis" ou pela "Ordem dos Monges de S. Francis de Wycombe".
O grupo partilhava o seu amor pela arte e cultura, política, blasfémia e pelo oculto, a par dos seus apetites pelo sexo, álcool e moda.
Por volta de 1750, Francis Dashwood mandou construir a estrada que liga High Wycombe a West Wycombe.
Para isso, mandou homens escavarem nessas cavernas situadas na colina de West Wycombe, já que eram ricas em calcário, necessário à construção da via.

Fotografia: George Knowles - Igreja de St. Lawrence

Foi também quando começou a reconstruir a Igreja de St. Lawrence no topo da colina, sendo o seu interior um cópia fiel do Templo do Sol. A pintura do tecto foi encomendada a Giovanni Borgnis que pintou uma original “Última Ceia” onde o olho de Judas Escariote segue tudo e todos que se deslocam no seu interior.
O globo de ouro é também um simbolo solar e foi copiado da Alfândega de Veneza. Acredita-se que este simbolo era a ligação ao Deus Sol que nasceu no solstício de inverno tendo Cristo como a “Luz do Mundo”.
As cavernas ficam exactamente por baixo da Igreja de St. Lawrence a uma profundidade de mais ou menos 100m.

Fotografia: Micas - Entrada da caverna Out/05

Não era apenas a extracção de calcário que Francis Dashwood pretendia com as escavações, existiam já outros planos para as cavernas...
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Montag, November 07, 2005

The Chiltern Village & Hill

A colina Chiltern fica localizada a uns 4kms de Stokenchurch em West Wycombe.
Sobre a colina de poderes mágicos, existem inumeras histórias e lendas.
Todas são um misto de fantasia e verdade.
Tentarei traduzir por palavras toda a carga mística que existe neste sitio, muito embora tenha a certeza que isso seja quase impossível de se sentir sem estar no próprio local.


A aldeia é muito pequenina e muito pitoresca, pouco se sabe sobre ela.

Fotografia: Micas Out/05

Fotografia:Micas Out/05
Consta que o povoado terá pelo menos mil anos, contudo as casas mais antigas que hoje encontramos na aldeia datam do sec. XVI e XVIII.

Fotografia: Micas - Igreja de St. Lawrence/Out.05

No topo da colina existe a Igreja de St. Lawrence e o Mausoléu dos Dashwood.
Este é um dos meus lugares preferidos nesta zona, pela paz e tranquilidade que lá se respira.
Para além de esquilos, coelhos e pavões (sempre aos pares) que se passeiam por entre os túmulos abandonados, não se encontra mais ninguém, talvez por isso tivessem decidido fechar a igreja.
A igreja está assente numa fortaleza que remonta ao séc. V, idade do ferro, a qual era origináriamente cercada por um talude e um fosso.
Em 1751 a torre Normanda do séc. XIII foi aumentada e terminada com um globo oco folheado a ouro, onde podem estar sentadas seis pessoas, é voz corrente na aldeia que ainda hoje se realizam no seu interior as reuniões secretas dos membros da Sociedade Dilettanti.
O interior da igreja foi copiado do Templo do Sol em Palmyra perto de Damasco, o qual foi construído no séc III D.C.
A pintura que cobre a abóbada da igreja é fantástica, cheia de figuras e símbolos, entre eles um olho que nos segue para qualquer lado que a gente se diriga no seu interior, dizem ser o Olho do Diabo...
Infelizmente não tenho qualquer fotografia, o templo encontrava-se fechado desta vez.

Fotografia: Micas - Mausoléu dos Dashwood/Out.05

Muito perto da igreja foi construido em 1765 o Mausoléu dos Dashwood.
Um edifício hexagonal a céu aberto feito a partir de silex.
É a morada do "Sono Final" para todos os membros da familia Dashwood.

Fotografia: Micas - Interior do mausoléu/Out.05

Este mausoléu foi mandado erigir por Sir Francis Dashwood, fundador da Sociedade Secreta Hell Fire e membro da Loja Dilettanti e da Ordem Divan, situando-se directamente sobre as cavernas mandadas escavar pelo mesmo.

Fotografia: Entrada das cavernas/Out.05

Sobre estas cavernas que durante décadas foram palco das reuniões e rituais secretos da Sociedade Hell Fire escreverei a seguir.
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Dienstag, November 01, 2005

Samhain

Foto: Micas 31-10-05

Togaidh mise chlach,
Mar a thog Moire da Mac,
Air bhrìgh, air bhuaidh, ‘s air neart;
Gun robh a chlachsa am dhòrn,
Gus an ruig mi mo cheann uidhe. (*)

(*)tradução
Levantarei o seixo do rio
Tal como Maria o levantou por seu filho
Pela sabedoria, virtude e força
Fique este seixo em minha mão
Até que eu encontre o fim do meu caminho.


Pés descalços, sentindo a frescura do orvalho da manhã
Caminho por entre os pomares de verde e ouro
Ocultos no coração da mais bela floresta de giestas
E carvalhos antigos, frondosos, protectores
Neste refúgio de encantamento que
Hoje abre um novo ciclo de Renovação e Vida
Vou, de alma transparente e transbordante do mais puro [e]terno Amor
Colhendo os frutos que te quero ofertar
Maças, avelãs, nozes, pinhões, rosmaninho e sálva...
Não esqueço a sidra nem o cálice de onde beberemos segredos e sonhos...
Aqui
D
e
s
n
u
d
a
d
a
Guardo o sabor na pele dos teus lábios de mel
No centro deste círculo mágico de Pedras, Fogo e Luz
O meu ventre te evoca, amigo, amante de outras eras...
Vem...
Dá-me a mão e vem saltar as fogueiras de Tlachtga
Que se acenderam ao pôr-do-sol
Escutando murmúrios de VIDA na clareza do silêncio(...)

(Micas 31-1o-2005)

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